segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A mulher adúltera

A noite já havia passado , talvez essa mulher, inebriada pela sua lascívia, não tenha conseguido perceber que já havia amanhecido e que corria perigo de vida, essa pobre mulher, presa pelo seu pecado, não teve tempo de se esconder, não pode nem ao menos tentar correr para livrar-se desse tão humilhante flagrante, foi pega no ato do seu pecado, humilhada, envergonha, não pode nem se quer se explicar. Sua culpa era visível, seu pecado não poderia mais ficar oculto. O que antes era algo em segredo, seu e de seu amante, tornou-se visível para toda a sociedade. Sociedade essa que vivia de aparências, de falsos moralismos; pobre mulher, foi a única acusada.
A Lei era clara, os dois eram culpados, os dois deveriam ser acusados, os dois deveriam receber a pena que cabia por esse ato, ela não havia sido pega sozinha, se assim fora o fato não poderia ser comprovado, mas mesmo assim, os fariseus decidiram acusá-la sozinha, o homem, não sabemos, a historia não nos relata se conseguiu fugir, ou se foi simplesmente liberado pelos escribas e fariseus, este que também era pecador não foi levado aos pés de Jesus, contrariando a lei que dizia que "Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera". (Levítico 20:10).
Jogada aos pés de Jesus, lá estava ela, cabeça baixa, talvez com os olhos marejados, não era capaz de olhar para aqueles que a acusavam, tão pouco para o Mestre, sua vergonha e seu medo eram maior que sua força para se levantar. Os homens ao mesmo tempo em que a acusavam, tentavam testar Jesus, queriam saber se ele iria concordar que a mulher deveria ser apedrejada; se assim fosse, Jesus também seria acusado de crime, pois os romanos não permitiam que os judeus realizassem execuções, se o Mestre ousasse falar que a mulher não merecia ser apedrejada dessa forma também seria acusado, desta vez, por desrespeitar a Lei de Moisés, Lei que já estava sendo desrespeitada pelos fariseus, pois como foi dito haviam acusado somente a mulher.
Enquanto esses homens falavam, Jesus manteve-se em silêncio, com seu dedo escrevia na terra, as palavras que escrevia não sabemos, podem ter sido palavras que acusassem esses homens, ou quem sabe os dez mandamentos, ou ainda apenas pensamentos esparsos, algo que pudesse sensibilizar esses doutores da lei, realmente não podemos saber, mas o que fica claro para nós é que Jesus, nesse momento, estava tendo uma atitude de um grande líder, estava ouvindo a acusação, porem sem questionar ou rebater as afirmações, simplesmente ouviu, mostrando-se totalmente atento ao problema dessa pobre mulher pecadora.
Mas os acusadores não estavam satisfeitos com o silêncio de Jesus, queriam uma resposta, o que Jesus falasse seria motivo para também ser acusado, mas nesse momento, usando de uma grande sabedoria, da sua cartada de mestre, finalmente levanta-se e responde à altura das acusações, a mulher deveria sim ser apedrejada, mas por aquele que não tivesse nenhum pecado. E novamente abaixasse e continua a escrever; a pecadora continua lá, jogada ao seus pés, sem coragem de sequer erguer sua cabeça em direção ao mestre. Quem sabe repensando sobre o que havia feito, sofrendo a dor do seu erro, remoendo seu pecado, tendo sua alma dilacerada, posso até imaginar as lágrimas rolando pela sua face.
Ao levantar seus olhos novamente, Jesus vê que estão sozinhos, restaram somente ele e a mulher, que continuava lá, prostrada por causa do seu peso do seu pecado, finalmente ele dirige a palavra a ele e diz para que levantasse sua cabeça e olhasse a sua volta, não havia restado nenhum dos seus acusadores, todos haviam abandonado suas pedras e ido de volta ao seu caminho, desde os mais velhos até os mais jovens, todos foram embora, não sobrará um que se achasse justo o suficiente, para ser o primeiro a atirar a sua pedra sobre a mulher.
Nesse momento, Jesus , o único justo que seria capaz de acusar essa mulher, lhe dá um grande presente: sua liberdade de volta, sua vida novamente, diz a ela que nem ele ira acusá-la, que ela apenas fosse embora e não cometesse mais pecado. Jesus não estava sendo conivente com o pecado, mas estava usando de sua graça para com uma pecadora. É claro que ele conhecia o coração daquela mulher, sabia que não seria fácil para ela abandonar uma prática costumeira, sabia que o pecado estava enraizado no coração daquela pobre alma, mas sabia também, pela sua atitude, pela sua expressão de vergonha e humilhação que ela iria se esforçar, sabia que assim como toda a raça humana, aquela alma aflita merecia uma segunda chance.
E aquela mulher finalmente se levantou e se foi, dessa vez com uma nova esperança, sua vida havia recomeçado a partir daquele momento, a partir daquele encontro com o Mestre ela teria a chance de recomeçar , agora da forma correta, levando uma vida digna. Ela não pecou mais? Não temos como fazer essa afirmação, mas podemos ter certeza de uma coisa, se tivesse pecado, se fosse pega novamente em fragrante adultério, mesmo assim, o mestre ainda a perdoaria novamente, pois sua graça é maior que qualquer pecado, bastaria ela se humilhar aos pés de Jesus outra vez.
By Tassiane P. Kreitlow

2 comentários:

  1. O texto fala de graça e revela que você percebeu verdades exuberantes e escreveu com graça. Verdades assim são duráveis.
    Eliel E. Morais

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  2. Obrigada!!! Um elogio vindo de vc tem maior valor!!!

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